Tem que ver para saber. É com esse ditado popular que podemos resumir o novo Plano Safra. Divulgado na última semana e assunto em todas as plataformas, o plano safra para 2023/24 trouxe alguns pontos que eram pedidos pelos produtores, mas deixou a desejar em outros bem importantes para esta safra, como a questão dos armazéns e os juros praticados, segundo análises da Agroconsult.

A divulgação deste ano foi diferente dos anteriores. Fatiada em duas partes, as informações para a agricultura empresarial – com foco no produtor médio a grande -, foram apresentadas no dia 27 de junho pelo Ministério de Agricultura e Pecuária (MAPA), e as referentes à agricultura familiar – pequeno produtor – no dia seguinte (28) pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). 

Com uma expectativa de R$420 bilhões, o volume destinado ao Plano Safra total (somando a agricultura empresarial e familiar) foi de R$441,9 bilhões. Em relação à safra anterior, o montante destinado à parte empresarial teve um acréscimo de 26%, ficando em R$364 bilhões.

Como estratégia, o plano safra apresentou um aumento no direcionamento dos depósitos compulsórios que as empresas devem destinar ao crédito rural e a utilização dos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas ainda não foi divulgado o volume para essa equalização e nem o volume para a comercialização.

Um dos pontos mais esperados eram as decisões referentes às taxas de juros que, no fim, acabaram iguais à safra anterior, mesmo com a SELIC agora estando em 13,75% e com tendência de baixa no segundo semestre. Caso essa queda se consolide, há chances do mercado privado oferecer taxas mais atrativas para as linhas de longo prazo. 

Um diferencial deste plano é em relação a redução de taxas de juros com a adoção de práticas sustentáveis. Se cumprido os requisitos necessários, as taxas podem ser reduzidas em até 1% para incentivar o fortalecimento dos sistemas de produção. Tais requisitos são: adoção de práticas agropecuárias mais sustentáveis e possuir o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado nas condições pré-determinadas pelo governo. 

A questão da armazenagem também era outro ponto bem esperado pelo produtor. Os recursos destinados ao Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) foi de R$ 6,65 bilhões. Apesar de representar, aproximadamente, 2 milhões de toneladas na capacidade de armazenamento de grãos, ainda não é o suficiente para o setor, que apresenta um déficit de 140-150 milhões de toneladas.

Com o objetivo de recuperar pastagens degradadas, o governo anunciou também uma nova linha de investimento, na qual o volume destinado foi de R$1,9 bilhão e que pode resultar na conversão de cerca de 200 mil hectares. 

O crédito rural é um ponto chave para o bom desenvolvimento da safra 2023/24 e, no momento, temos que ver como as medidas adotadas se darão no dia a dia e quando os recursos chegarão na mão dos produtores. 

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